domingo, 28 de novembro de 2010

Depoimento de Fernando Travassos

De entre as várias conclusões que podemos retirar do resultado eleitoral, a mais preocupante é a confirmação do divórcio, por mútuo acordo, entre a Ordem e a classe.

Esta forma de nos representar, que nós tentámos denunciar nesta campanha, terá que obrigatoriamente continuar a preocupar-nos para além deste acto eleitoral.

A outra conclusão possível, e esta mais reconfortante, é que nesta breve campanha conseguimos construir uma plataforma de cumplicidade relativamente à Ordem que não queremos. Assim saibamos transformá-la num espaço de reflexão suficientemente mobilizador para começarmos a construir a alternativa, a Ordem que queremos.

Fernando Travassos

Depoimento de Pedro Partidário

Estou muito disponível para o debate que se propõe! Esta reflexão é muito urgente e não pode reduzir-se ao tempo - que para isto é muito escasso - da preparação para eleições.
...há, como está à vista, um grave problema estrutural. Deixar a situação como está, é totalmente irresponsável, considerando as atribuições que o Estado delega numa Ordem Profissional.
De qualquer forma, saudando e agradecendo como arquitecto, a generosidade e empenho de quem se candidatou à OA, sublinho a minha convicção de que é necessário desenvolver o debate.

Pedro Partidário

Depoimento de João Mariz Graça

Foi pena...,

Mas agora com mais tempo poderemos continuar a consolidar o corpo de ideias já definidas e a alargar a nossa base de apoio. Há pessoas com uma grande credibilidade que importa trazer para a nossa equipe, e não estou a falar nem de Sizas nem de Tainhas, estou a falar de gente muito mais nova.

Nas próximas eleições poderemos concorrer também às secções regionais de Norte e Sul o que será sem dúvida um factor a nosso favor.

Parece-me que os fiéis da A foram lá todos e temos que continuar a contar com esse número para bater. Também temos que contar com o comportamento das pessoas conforme muito bem apresentado no blog O arquitecto da CML que também apareceu no facebook.

Já era assim no tempo de Maiakovski e Brecht a há-de continuar a ser, infelizmente

Mas nós e todos os que votaram na B somos os únicos agora que temos autoridade moral para criticar a direcção da Ordem.

João Mariz Graça

Depoimento de Jorge Mangorrinha

Os Banhos de S. Paulo e as eleições dos arquitectos
(texto do blog Ao Encontro das Águas)

"Nem sempre ganha quem tem razão. Esta máxima emprega-se perfeitamente aos resultados de ontem, nos Banhos de S. Paulo, sede da Ordem dos Arquitectos.
A nossa razão, a razão da lista B é a razão desta classe profissional, que não tem o devido reconhecimento público de acordo com a necessidade de intervirmos na sociedade e no território e, também, com o crescente aumento de novos arquitectos, sendo provavelmente a classe profissional que em Portugal mais tem crescido em termos dos números absolutos.
Também grave é o distanciamento entre a Ordem e a classe e a escassíssima adesão de votantes. Tal como dizia uma colega de lista, "a Ordem é repulsiva!".
A Ordem é e vai continuar a ser dirigida por um punhado de gente perfeitamente definida no seu carácter e interesses. Nada semelhante aos que, num gesto de profunda cidadania e generosidade, nada têm a provar, profissional e pessoalmente, e quiseram lançar este grito de mudança.
Os cerca de 30% de nós que votámos e acreditámos neste projecto merecem continuar, porque vive-se um problema estrutural, tal como um outro colega disse há pouco, "deixar a situação como está é totalmente irresponsável, considerando as atribuiçōes que o Estado delega numa Ordem Profissional".
As águas que ainda brotam junto aos Banhos de São Paulo continuarão ainda mais turvas, durante os próximos três anos.
"

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dois candidatos disputam liderança da Ordem dos Arquitectos

Artigo no Diário dos Açores de 24.11.2010

"Decorrem amanhã as eleições para a direcção nacional da Ordem dos Arquitectos (OA), para o próximo triénio 2011/2013. João Belo Rodeia, actual presidente da OA encabeça a lista A sob o lema “Arquitectura para Todos – enfrentar a crise, construir o futuro”. Por seu turno a lista B tem por lema “Reforçar a profissão, pelos arquitectos, pelo interesse público, mudar a Ordem” sendo encabeçada por José Charters Monteiro. "

Arquitectos vão a votos

Entrevista na revista Construir de 24 de Novembro de 2010

"Os arquitectos são esta quinta-feira chamados às urnas para decidir quem será o  presidente da Ordem dos Arquitectos para o próximo triénio.
João Belo Rodeia (Lista A) e José Charters Monteiro (Lista B), são os cabeça de lista das duas únicas candidaturas ao Conselho Directivo Nacional.
Em vésperas de Eleições, o Construir falou com os dois arquitectos, de forma a perceber em traços gerais os objectivos e pressupostos das suas candidaturas."

Clique no nome do candidato para aceder às entrevistas

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Depoimento recebido no facebook

Dada a minha condição "provinciana", já votei! Mas não deixo de exortar todos, sim TODOS, a irem votar porque:

a) votar é participar; é afirmar a nossa existência;
b) votar é tomar posição: a favor ou contra o que se tem passado;
c) votar na lista B é ser-se frontalmente pela mudança;
d) votar é tomarmos nas nossas mãos o nosso futuro;
e) votar é ter oportunidade de afirmarmos não o que temos, mas o que QUEREMOS;
f) votar, para os mais jovens, é afirmarem e fazerem valer a força real que têm (mais de 50% da classe profissional; bastará que 20% destes votem para fazerem "tremer" o edifício);
g) votar é sermos parte integrante e não meros espectadores;
h) votar na lista B é o momento de dizermos SOU, E QUERO CONTINUAR A SER, ARQUITECTO.

Depoimento recebido por email

Lamento não ter existido um debate público entre as duas listas veiculado pelos media, facto que seria impensável ocorrer nas ordens dos advogados, engenheiros e médicos.
Perguntar-se-á: porque se fomenta a menorização da Arquitectura através desta forma de sobriedade que apenas serve interesses não profissionais?

Nesta ordem de ideias destaco, entre as medidas propostas pela lista B, que acredito venha a ser a escolhida pela classe jovem ("Este país (já) não é (só) para velhos") as seguintes:
o debate permanente sobre temas profissionais, incluindo o de preparar a classe para as novas responsabilidades após a revisão do 73/73, a criação de uma estrutura técnica permanente para acompanhamento das iniciativas comunitárias relativas à profissão - e não só - e a discussão pública sobre projectos públicos e privados de dimensão significativa.

MJE

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Depoimento

O debate de ontem foi um sucesso, a diferentes níveis.
Razão tínhamos em querer que tivesse acontecido logo no início da campanha.
Teria certamente conduzido a votações mais expressivas.
Ao apresentar princípios e os modos da nossa futura actuação, constatam-se as diferenças estruturais que nos separam.
Desde logo a discussão frontal e permanente para que se obtenha um movimento interno, uma vaga de fundo de suporte à tomada de posições públicas fortes.
A importância do nosso compromisso eleitoral.
Organizar um Congresso / Convenção sobre os temas da profissão e da criação duma Plataforma Inicio de Carreira
Apelo ao voto na Lista B para que soprem os ventos da mudança.

Mobilização geral nesta recta final.
Jorge Farelo Pinto

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ORDEM 2010 _ os factores críticos da novidade

 

FACTOR                   A QUANTIDADE

O REGISTO                 O AUMENTO – RECENTE E EXPLOSIVO – DO NÚMERO DE
                                    ARQUITECTOS LICENCIADOS E DE MEMBROS DA ORDEM
                                    EM PORTUGAL
 

O número anual de licenciados em cursos de Arquitectura praticamente duplicou nas duas últimas décadas


O número de membros da Ordem dos Arquitectos passará de cerca de 10.000 no ano de 2000 para, aproximadamente, 23.000 em 2015  

Consequentemente, nas 3 últimas décadas, o RÁCIO de Arquitectos por 1.000 habitantes praticamente TRIPLICOU 


No contexto internacional, tanto o RÁCIO de ARQUITECTOS como o RÁCIO de ESTUDANTES, é em Portugal dos mais elevados (tendo em conta uma amostra de 10 países). 


Fonte: ARCHITECTURAL PRACTICE AROUND THE WORLD

Col·legi d'Arquitectes de Catalunya, COAC, 2005
THIS RESEARCH IS BASED ON THE INFORMATION SUBMITTED BY THE PROFESSIONAL BODIES THAT REPRESENT THE
ARCHITECTS IN THEIR INDIVIDUAL COUNTRIES WITHIN THE UIA. IN NO CASE DOES THE COL·LEGI D'ARQUITECTES DE CATALUNYA
TAKE RESPONSIBILITY FOR THE VERACITY OF THIS INFORMATION.

PT, PORTUGAL; FR, FRANÇA; GR, GRÉCIA; UK, REINO UNIDO; G, ALEMANHA; NL, HOLANDA; IR, IRLANDA; JAP, JAPÃO; USA, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA; BRA, BRASIL





OS ARQUITECTOS NÃO PRECISAM DE “ACÇÕES DE CHARME” PRECISAM DE TRABALHO E SERIEDADE – Vota LISTA B para os Órgãos Nacionais

Parece que recentemente o actual presidente do CDN (que se recandidata para outro mandato noutra Lista) se lembrou que também existem arquitectos fora de Lisboa. AH! é verdade, ele está em Campanha para se recandidatar … conta, pela certa, com arquitectos muito “distraídos”.

Os seus “jantarinhos” de “convívio para divulgação” só tem servido para ilustrar o modo do seu exercício nos passados três anos de mandato, mas os Arquitectos não precisam de “acções de charme”.

Precisamos sim, de votar Lista B para os Órgãos Nacionais. A Lista que se propõem atender ao urgente e conseguir o necessário.

SERÁ !! Será que o actual presidente do CD Nacional (que se recandidata pela outra Lista) espera que os arquitectos não tenham reparado que as provas dadas no seu exercício, durante três anos, NÃO tem nada a haver com os seus “slogans” de Campanha???.

A Lista B, pelo contrário, é formada por elementos, de quem muitos já conhecem provas dadas, na defesa dos interesses da NOSSA Classe profissional. Provas dadas, na defesa de TODOS os Arquitectos. Provas dadas de empenho em promover, de facto, a participação dos arquitectos de TODO o País.

A Lista B conta com a experiência e o conhecimento dos que já têm um percurso profissional e associativo, enriquecida com as propostas e as aspirações das novas gerações.

             NÃO HÁ TEMPO PARA REPETIR ERROS !!
A Lista B representa o início de um novo ciclo na vida da OA, em alternativa clara à orientação seguida nos últimos mandatos.

VOTE Lista B, candidata aos Órgãos NACIONAIS

DMA, Crente na mudança para melhor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

BALANÇO DO inCUMPRIMENTO DO PROGRAMA DA ACTUAL DIRECÇÃO/LISTA A para o triénio 2008-2010

Em democracia, quando a direcção cessante de uma instituição se recandidata, a sua capacidade para o lugar tem que ser avaliada em função do maior ou menor grau de cumprimento do programa com que se apresentou às eleições no mandato anterior. E desse ponto de vista o balanço do cumprimento do Programa da actual direcção nacional/Lista A para o triénio 2008-2010 é muito, muito negativo: das trinta medidas com que se candidataram, 20 não foram cumpridas e das restantes apenas 3 o foram integralmente.
Não acredita? Então veja.

MAIS ARQUITECTURA
  1. Política Nacional de Arquitectura: Segundo o relatório de Actividades do CDN, participação num grupo de trabalho do Ministério do Ambiente (terá reunido uma vez…) e inclusão pelo Governo no seu Programa de um Política Pública de Arquitectura: ou seja ZERO MAIS!
  2. Criação de um Fórum Nacional das Políticas Urbanas: ZERO!
  3. Criação de uma estrutura técnica permanente para acompanhamento das propostas legislativas do MAOTDR: A sua criação não é referida no Relatório de actividades de 2009 (o único disponível no site da OA): mas mais importante do que uma estrutura “técnica”, seria o debate interno em torno dos diplomas e quanto a isso, ZERO!
  4. Promoção da discussão pública e debate sobre os grandes projectos públicos e privados: qual foi por exemplo a posição da OA sobre o Novo Aeroporto de Lisboa, o TGV, a terceira travessia do Tejo? Não houve: ZERO!
  5. Promover o levantamento, a divulgação e o balanço dos resultados do exercício profissional na Administração Pública: ZERO!
  6. Ajudar a promover a II trienal de Lisboa: desconhece-se os termos da ajuda da Ordem e sobretudo quais os custos inerentes, que no mandato anterior foram exorbitantes!
  7. Procurar comprometer o Pavilhão de Portugal com a Arquitectura: ZERO!

MAIS PROFISSÃO
  1. Propor novas políticas de Encomenda Pública: ZERO, sem esquecer o triste espectáculo dado pelo presidente João Rodeia no que respeita às adjudicações directas da Parque Escolar;
  2. Criar Bolsa Nacional de Oportunidades de Trabalho: ZERO!
  3. Implementar Colégios de Especialidade: criados os do Urbanismo e património arquitectónico, mas estão paralisados, sem qualquer actividade conhecida até ao momento: ZERO MAIS!
  4. Revisão do 73/73 – DL 31/2009: concluídas as negociações com resultados aceitáveis, talvez o único ponto positivo do mandato; desde então até agora nada mais foi feito, nomeadamente no sentido de preparar a classe para as novas responsabilidades;
  5. Criação de uma estrutura “técnica” permanente para acompanhamento das propostas legislativas que incidam sobre o exercício da profissão: resposta já dada no ponto 3, isto é ZERO!
  6. Rever o sistema de admissão e o regulamento de deontologia: ZERO para um e para outro!
  7. Participar activamente na Agência de Acreditação do Ensino Superior: não há qualquer referência no relatório de actividades, por isso ZERO!
  8. Criar tabela de honorários: o Governo aboliu as tabelas do MOP sob pretexto de que eram contra a livre concorrência, com a total complacência da Ordem, quando é conhecido há mais de dez anos um acórdão do Tribunal Europeu que as permite na UE, desde que sejam da iniciativa dos Governos, como acontece por exemplo na Alemanha e como existia em Portugal; o que são proibidas são as tabelas feitas pelos organismos profissionais: por isso, ZERO MENOS!
  9. Mecanismos de apoio aos arquitectos da Função Pública: ZERO!

MAIS CONHECIMENTO
  1. Acreditar a OA como entidade formadora: processo em curso mas ainda não concluído ao fim de 3 anos!
  2. Rede de parcerias com as Universidades: terá sido feita uma reunião com todas as faculdades de arquitectura, e assinados protocolos com algumas universidades;
  3. Ampliar o Inquérito à Arquitectura do Século XX: ZERO!

MAIS INTERNACIONALIZAÇÃO
  1. Criação de uma estrutura “técnica” permanente para acompanhamento das iniciativas comunitárias que incidem sobre a Arquitectura, a Formação e o Exercício da Profissão, em particular no âmbito do Conselho dos Arquitectos da Europa (CAE) e do Fórum Europeu das Políticas de Arquitectura (FEPA): não há informação sobre o assunto no relatório de 2009, mas a participação no CAE, organismo onde são debatidas todas as questões da profissão a nível europeu, terá sido mínima, ou seja ZERO MENOS!
  2. Promover uma Rede das Organizações Profissionais da Lusofonia: foi lançado o site do CIALP no Dia Mundial da Arquitectura de 2010, mesmo no final do mandato e assinados 3 protocolos; a organização encontra-se quase inactiva há anos! Ou seja ZERO MENOS!
  3. Promover e divulgar a Arquitectura Portuguesa junto dos mercados emergentes: ZERO!
  4. Parcerias com Arquitectos sem Fronteiras e outras ONG: ZERO!
  5. Reforçar participação portuguesa nas Bienais de Veneza e S. Paulo: não há informação, mas é o tipo de actividade que a actual direcção privilegia, pelo que deve ter sido cumprido!

MAIS ORGANIZAÇÃO
  1. Reestruturar os serviços nacionais: não há informação disponível, mas julga-se que não houve qualquer reestruturação!
  2. Implementar revisão do estatuto da OA: ZERO!
  3. Aprofundar descentralização da OA: se há núcleos e delegações, a maior parte deles são pouco activos, como se tem visto durante a campanha eleitoral!
  4. Criar melhores estruturas de benefícios socioprofissionais: ZERO!
  5. Melhorar estrutura e suportes de comunicação: renovação do Boletim feita em cima das eleições;
  6. Implementar cartão profissional: ZERO!

Com um tal grau de incumprimento não surpreende pois que o Programa da Lista A para o triénio de 2011-2013 repita quase integralmente as mesmas 30 medidas do Programa do triénio anterior, embora acrescidas de mais 10 e com um fraseado um pouco diferente.
Mas que garantias nos dá afinal quem não cumpriu há três anos de que vai cumprir agora?
VOTA NA MUDANÇA! VOTA LISTA B!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

MENSAGEM - VOTAR - VOTAR


Decidiu a Comissão Eleitoral Nacional não autorizar às listas o fornecimento dos contactos e-mail e ou telefónicos dos membros da OA.
Para contactos pessoais, cada lista pode requisitar uma colecção de etiquetas com nomes e moradas.
Dão que pensar estas opções. Na era da informação, porque não incentivar e acelerar a comunicação ao vivo entre todos?
Depois de muito esgravatar conseguem-se emails, um meio para implicar todos no importantíssimo acto de votar.
A divulgação através das novas tecnologias poderá fazer a diferença, que tanto precisamos.
Um pequeno desabafo. Durante a campanha tenho constatado um enorme desencanto com a Ordem.
Sobretudo os mais jovens não se identificam com as razões de ser da OA.
À pergunta para que serve, a resposta é sempre a mesma, para receber as quotas.
Acredito que algo possa mudar e nesse sentido integrei a Lista B.
Sugiro que tome a iniciativa de persuadir quem melhor entenda, e sobretudo que vote JÁ na Lista B.
Terá de ser por correspondência para aqueles que no próximo dia 25 não se desloquem a Lisboa ou ao Porto, uma vez que não existirão mesas, nem nas Delegações nem nos Núcleos!

Um abraço
Jorge Farelo Pinto
A uma semana das eleições a Lista B, candidata aos órgãos nacionais da OA, apresenta o seu Compromisso Eleitoral com os arquitectos, em torno dos temas da profissão e da sua estrutura de representação que considera prioritários, os quais concretizam no seu desenvolvimento os três eixos estratégicos do Programa de candidatura.

COMPROMISSO ELEITORAL da LISTA B candidata aos ORGÃOS NACIONAIS da OA

Preparação e realização no prazo de um ano de um Congresso Extraordinário da OA para debate alargado e aprovação de resoluções e propostas concretas relativamente aos grandes temas da profissão e à sua estrutura de representação, entre os quais se destacam os seguintes

1. FACE À PROFISSÃO:
·    Preparar e apoiar activamente a classe para assumir as exigências e responsabilidades inerentes ao alargamento progressivo do campo exclusivo de intervenção dos arquitectos à totalidade dos projectos de arquitectura, garantido pela Lei n.º31/2009 para o final de 2014;
·    Apoiar com medidas concretas de enquadramento, formação e/ou certificação o alargamento dos campos do exercício da profissão às novas áreas de revisão de projecto, fiscalização e direcção de obras, certificação térmica e acústica e segurança contra incêndios;
·    Recuperar, alargar e aprofundar as áreas disciplinares que pertencem à formação e à tradição do Arquitecto, como é o caso do urbanismo, do planeamento e do ordenamento do território;
·    Desenvolver contactos com o Instituto da Construção e Imobiliário com vista a analisar as formas de participação dos arquitectos no Plano de Reabilitação Urbana recentemente apresentado;
·    Exigir ao Governo a reposição de tabelas de honorários, que a desatenção e incúria da actual direcção de OA deixou cair, tendo por consequência uma desregulação caótica da prestação de serviços, o que afecta a qualidade da arquitectura e a sua dimensão de interesse público;
·    Desenvolver uma acção sistemática junto da Administração Central, Regional e Local de exigência de respeito pelas normas em vigor em relação à encomenda pública previstas no Código da Contratação Pública (C.C.P.), propondo ao mesmo tempo a revisão, em sede própria, de algumas disposições previstas neste extremamente gravosas para o exercício profissional específico do arquitecto;
·    Trabalhar em soluções de concurso que sejam menos penalizadoras para as equipas e mais inovadoras nos resultados e operacionais para as entidades promotoras, como é o caso por exemplo dos concursos de concepção em duas fases, e garantir melhores condições de acesso dos jovens arquitectos à encomenda pública.

2. FACE À ORDEM:

·     Realizar no prazo de um ano de um Congresso Extraordinário para debate alargado de resoluções e propostas concretas relativas aos vários itens constantes do ponto 1, sujeitando-as previamente à aprovação da classe;
·     Criação da Plataforma Jovem, fórum interno de debate e aconselhamento da direcção em relação a todas as questões que respeita à inserção profissional das gerações mais novas; 
·     Rever o Regulamento de Admissão quanto a critérios, conteúdos e objectivos, de forma a que o estágio se torne numa experiência enriquecedora de inserção profissional no mercado de trabalho e não numa forma cómoda de obter mão-de-obra barata, para o que deverá ser obrigatoriamente remunerado e devidamente acompanhado pela Ordem;
·     Promover o saneamento financeiro da Ordem, tendo como princípio orientador que as quotizações garantam as actividades estatutárias e fazendo depender a realização das restantes da sua sustentabilidade económica e financeira;
·     Rever o actual sistema de quotizações no sentido de o tornar mais justo e equitativo em relação às condições de remuneração dos membros, garantindo incentivos e descontos aos membros em início de carreira;
·     Rever o Código Deontológico em vigor e os meios ao dispor dos conselhos de disciplina no sentido do reforço do papel regulador da Ordem em matéria disciplinar, possibilitando-lhe uma actuação proactiva, exemplar e dissuasora face a casos de manifesta suspeita de violação do estatuto e do regulamento deontológico e não meramente reactiva. 

PLATAFORMA INÍCIO DE CARREIRA (P.I.C.)

É absolutamente necessário que a O.A. considere a situação de sub-ocupação em que se encontra a profissão, com particular incidência nas gerações mais novas. Este é um debate que deve ser trazido para dentro da Ordem como forma de promover a participação de toda a classe na defesa de um mesmo interesse, o direito ao trabalho.
Neste sentido, os abaixo assinados, candidatos da Lista B candidata aos órgãos nacionais da OA vão criar uma plataforma direccionada a todos aqueles que estão no início de carreira, nos diversos modos de exercício da profissão – a Plataforma Início de Carreira. Esta Plataforma integrará vários grupos de trabalho que promoverão, de forma articulada com os órgãos nacionais, a discussão e apresentação de propostas relativas à inserção profissional e ao início de carreira.
1.    Apoio à iniciação da prática
 - Divulgação e promoção da actividade dos jovens arquitectos nos diversos modos de exercício da profissão.
- Formação direccionada para arquitectos no início da actividade profissional, trabalhando directamente com o Conselho Directivo Nacional (CDN) e com os colégios de especialidade, tendo em vista o aumento da oferta de oportunidades de trabalho nas diferentes áreas do exercício profissional.
- Sistematização e/ou adaptação de um acervo de informação relacionada com duvidas comuns ao inicio da prática, materializada em manuais e guias de boas práticas.
2.  Acção concertada com os órgãos nacionais
 - Propor ao CDN condições que melhorem o acesso, em igualdade de circunstâncias, de jovens arquitectos à encomenda pública, quer em nome individual, quer através da obrigatoriedade da criação de equipas multi-geracionais.
- Trabalhar conjuntamente com o Conselho Nacional de Admissão (CNA) na revisão do formato actual do estágio profissional, de modo a que este passe a constituir uma possibilidade real de inserção profissional em condições e não um mecanismo de desequilíbrio do mercado de trabalho e de rotatividade de postos de trabalho em condições precárias, prejudiciais à boa prática dos actos próprios da profissão.
3.    Incentivo à participação das novas gerações no exercício e desenvolvimento da O.A.
 - Debates periódicos tendo em vista a discussão de temas que reflictam o exercício e as circunstâncias actuais da prática profissional e possam contribuir para a sua melhoria.
- Criação no site da Ordem de um fórum de discussão aberta entre membros.
- Criação de um outro fórum, também no site da Ordem, direccionado ao esclarecimento de dúvidas, onde as diferentes experiências dos arquitectos possam ser partilhadas.
- Propor ao CDN a abertura das actividades da Ordem à participação dos estudantes de arquitectura, através de uma pré-inscrição provisória.

Helena Freire de Almeida, nº17468
Miguel Almeida Santos, nº18124
Ricardo Mota, nº18198
Sara Biscaya, nº11166
Sophia Cardoso Martins, nº18769
Susana Gaivoto, nº17287

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Perguntas colocadas à Lista B por arquitectos

Pergunta 1: Pagamos 190 euros de cotas anuais. Em 2008 apenas trabalhei para outros arquitectos, não tive nenhum projecto da minha autoria. Acham justo cobrar 190 euros anuais a arquitectos que fazem pelo menos 20 projectos por ano, e cobrar o mesmo valor a quem não faz nenhum da sua autoria, trabalhando apenas para outros? E, uma vez que os valores das cotas são iguais, como é que vê a promoção apenas de alguns arquitectos, em detrimento de outros?
Resposta da Lista B: Defendemos um novo sistema de quotizações que seja proporcional aos rendimentos (por exemplo em função dos escalões do IRS como em França), e com incentivos e descontos vocacionados para os membros em início de carreira (ver folheto da Lista B)
Pergunta 2: Trabalho há mais de 10 anos a recibos verdes para outros arquitectos. A OA considera que usar software ilegal é concorrência desleal, mas não é considerada concorrência desleal pela mesma OA, uma empresa ter empregados a contracto e outra ter empregados a prestação de serviços. Estas questões serão resolvidas, se eventualmente for eleito? Como?
Resposta da Lista B: É difícil concluir que a concorrência desleal passa por questões como as que coloca. Há empresas de muitos tipos, de várias dimensões, que têm empregados com contrato e colaboradores em regime de prestação de serviços ao mesmo tempo, e em última análise tudo depende do vínculo livremente estabelecido pela entidade patronal com o empregado/colaborador. No entanto a vocação da Ordem não são as questões laborais, mais próprias de um sindicato, cuja criação apoiaremos. A Ordem deve combater sim a desregulamentação do mercado de trabalho actualmente existente por incúria e desleixo das últimas direcções da Ordem, que deixaram que fossem suprimidas as tabelas de honorários e não promovem a transparência e a igualdade de oportunidades dos concursos. Com isso criar-se-á melhores condições às empresas para que possam proporcionar melhores meios aos seus empregados/ colaboradores.
Pergunta 3: Por receber menos de 1000 euros e ter família para sustentar e casa para pagar, e dando prioridades dos bens essenciais, as cotas da OA ficaram em dívida 3 meses. Recebi em casa uma circular a ameaçar de tribunal, se entretanto não saldasse a minha dívida de 47,5 euros (duma Ordem que deveria defender os meus interesses...). Acha que esta situação é digna duma ordem que supostamente defende os direitos dos seus associados?
Resposta da Lista B: Sendo uma obrigação de todos os membros pagar as suas quotas, mais importante do que medidas punitivas como as que refere e que parecem claramente desajustadas aos fins em vista, o que é preciso é que, ao fazê-lo, cada membro sinta que a sua Ordem utiliza o que paga para de facto defender os interesses de todos os arquitectos e não apenas de alguns e que a Ordem lhe dá o apoio de que precisa para o exercício da profissão. E isso actualmente não acontece, mas certamente passará a acontecer se ganharmos as eleições.
Pergunta 4: Dado o elevado valor cobrado anualmente, não acha que as formações deveriam ser em maior número, e a preços bem mais acessíveis, senão mesmo gratuitas, e descentralizadas do Porto e de Lisboa?
Resposta da Lista B: O tipo de formação, as condições e a forma como esta é dada actualmente pelas secções regionais terá que ser reavaliada em termos qualitativos e quantitativos em função das verdadeiras necessidades da profissão no seu exercício, tendo em vista também a prática existente em outros países europeus com muito mais experiência neste domínio.
Pergunta 5: Gostaria de saber o que acha de terem acabado com o Cartão de Arquitecto, que servia de cédula profissional (criaram uma espécie de "Cartão Modelo" para descontos, que na realidade não serve para nada!), e o substituíram por "papéis" semestrais, que somos obrigados a solicitar de 6 em 6 meses. Ainda neste ponto, gostaria de saber se faz ideia para que servem as delegações regionais e a relação custo/benefício da sua existência. Não seria mais vantajoso para quem mora na Madeira ou Açores poder pedir e ter na hora o certificado da OA, em vez de esperar 15 dias que cheguem pelo correio?
Resposta  da Lista B: A questão da criação de um cartão da Ordem é mais uma promessa eleitoral da actual direcção que ficou por cumprir. Mas talvez mais importante do que ter um cartão é ter um sistema electrónico do tipo do que tem a Ordem dos Advogados, o qual lhes permite fazer uma série de operações por via electrónica. Quanto à questão das delegações regionais há que avaliar com os colegas que estão nas várias regiões a sua situação, sem perder de vista a necessidade de descentralizar os serviços da Ordem e de aproximar dos membros, embora sem por em causa a sua sustentabilidade financeira.
Pergunta 6: Apesar de não obrigarem a um estágio remunerado, cobraram-me 300 euros (!!!) para ingressar na OA. Acha correcto? Isto faz com que o "estagiário" seja descartável, sendo substituído por outro, numa viciante procura de mão-de-obra gratuita. Portanto, o cenário é acabar o estágio e sermos despedidos, independentemente do nosso valor e disponibilidade.

Resposta  da Lista B: A questão do Estágio e mais genericamente do acesso à profissão é para nós uma questão da maior importância. Ela deverá ser repensada à luz do que foi a experiência destes 9 anos de aplicação do Regulamento em vigor, no sentido de, como dizemos no nosso programa, o estágio "se tornar numa experiência enriquecedora de inserção profissional no mercado de trabalho" e não numa forma de encontrar mão-de-obra barata. Defendemos além disso que o estágio deve ser remunerado e acompanhado pela Ordem, quer através de mecanismos de controle como o plano de estágio, relatório, tarefas a desempenhar obrigatoriamente, quer inclusive através de visitas ao local de estágio

Talvez as respostas dadas sejam menos concretas do que gostariam, mas não temos fórmulas mágicas para resolver todos os problemas. Temos as ideias e os princípios orientadores para a condução dos destinos da Ordem, mas acreditamos que só com o envolvimento dos associados, através do debate interno, organizado em diferentes níveis, é possível encontrar as melhores soluções.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NÚMEROS

       o último número atribuído a membro da OA, em final de Agosto, foi o 18.783

       nos cadernos eleitorais (N+S) os potenciais votantes são 16.659

       cerca de 33,1% (média nacional) não são membros no pleno exercício, isto é, 5517

       portanto os potenciais votantes são 11.142

       poderá este número aumentar se os "irregulares" regularizarem  a sua situação, até/ou no acto de votar?

      na última votação em 18 de Outubro der 2007, o total de membros inscritos era de 14.512.

       o total de votos expressos foi de 15,6%


que "estado de alma", tão desmotivado e alheio.

Façamos da próxima votação uma mudança expressiva, uma viragem.

VOTE LISTA B, a da MUDANÇA de atitude, todos podem fazer a diferença

QUOTAS


A gestão dos "dinheiros" da OA tem de ser ultra rigorosa.

Não é só por estarmos em crise.

Necessitamos de rever e ajustar o sistema de quotização, aumentando o que a OA oferece aos seus membros.

Apesar da análise da situação económica e financeira da OA relativamente ao exercício de 2009, estar baseada no relatório da auditoria externa, o que poderá dar alguma garantia?! e apesar do resultado positivo com  reduzida expressão ! as contas são apresentadas sempre fora do prazo estatutariamente previsto.

Nunca foi apresentado um "plano para a recuperação e equilíbrio" das contas, que permitiria maior rigor e exigência na gestão da OA.

O Conselho Fiscal Nacional no seu relatório de 4 de Junho de 2010 coloca reservas  e nós Lista B acrescentamos:

que dividas bancárias temos?,
o que devemos a outros?,
quais os encargos financeiros?,
que compromissos estão claramente assumidos?

Só com uma radiografia precisa se poderá implementar as medidas que propomos.

VOTE LISTA B, a da MUDANÇA  na gestão de nova casa.

domingo, 14 de novembro de 2010

A insatisfação segundo a Lista A...

A Lista A solicitou-nos que retirássemos o vídeo que figurava neste artigo por não termos pedido autorização para o publicar.
Apesar de não concordarmos com o pedido aceitamos essa fundamentação e retirámos o vídeo.
No entanto é importante referir que o vídeo apenas mostrava o Arq. João Rodeia a ler um documento com dados estatísticos referentes à satisfação dos arquitectos.
Em nada o vídeo é provocatório ou foi manipulado.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Entrevista dada à revista A21, conduzida pelo Director Arquitecto José Romano.

Entrevista a José Charters Monteiro e João Belo Rodeia, candidatos a Presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos – Eleições para o Triénio 2011-2013.


Entrevista a José Charters Monteiro


1 – O que o leva a candidatar-se e quais os objectivos principais da sua candidatura?

R – O principal motivo da nossa candidatura é a constatação da total incapacidade das últimas direcções da Ordem, e em particular da actual, para darem resposta às necessidades de uma classe profissional que hoje ronda os 18 000 arquitectos – que constituem um recurso do país em termos de conhecimento e de inovação – a que se somam anualmente mais cerca de 1000. Os principais objectivos da candidatura são pois a procura de soluções para a grave situação de sub-ocupação em que se encontra a profissão, com particular incidência nas gerações mais novas, mas também o combate à desregulamentação do mercado e do exercício da profissão na área de projecto levada a cabo nos últimos anos ante a total passividade e indiferença da actual Direcção da Ordem. Passividade que se estende à falta de intervenção, pública e propositiva, no tocante aos grandes problemas de ordenamento do território e das nossas cidades, privadas de uma Política Pública de Arquitectura, que afectam a nossa economia e qualidade de vida.


2 – Vivemos uma crise económica sem paralelo na nossa história. Como é que Ordem dos Arquitectos (OA) pode ajudar os profissionais a superarem da melhor forma esta época?

R – No nosso entender há um enorme trabalho de preparação e de apoio à classe em relação às exigências e responsabilidades inerentes ao alargamento progressivo do campo exclusivo de intervenção dos arquitectos à totalidade dos projectos de arquitectura, que o Decreto-Lei n.º31/2009, que revoga ao fim de dezenas de anos o D.L. 73/73, fixa para o final de 2014. Esse trabalho está totalmente por fazer. Dir-se-ia que a actual Direcção, publicado o D.L. 31/2009, deu a sua missão por concluída. Por outro lado é necessário apoiar com medidas concretas de enquadramento, formação e/ou certificação o alargamento dos campos do exercício da profissão a novas áreas, como a fiscalização e direcção de obras, a revisão de projecto, a certificação térmica e acústica, segurança contra incêndios, etc. Por outro lado é ainda necessário recuperar e aprofundar áreas disciplinares que pertencem à formação e à tradição do Arquitecto, como é o caso do urbanismo, do planeamento e do ordenamento do território e que têm sido progressivamente abandonadas.
Os arquitectos podem tornar-se ainda mais úteis à sociedade e, precisamente, em aguda crise económica e social.
Outro aspecto vital é a exigência ao Governo da reposição de tabelas de honorários, que a desatenção e incúria da actual direcção de OA deixou cair, tendo por consequência uma desregulação caótica da prestação de serviços, o que afecta a qualidade da arquitectura e a sua dimensão de interesse público. Com efeito há que referir que, ao contrário do que tem sido dito, as tabelas de honorários são permitidas na União Europeia desde que publicadas pelos Governos, como acontece na Alemanha e acontecia em Portugal até há 2 anos, pelo que não há desculpa para uma tal omissão. É também de grande importância uma intervenção activa na área dos concursos e da encomenda pública, como poderemos referir adiante.


3 – Acha pertinente e/ou apoia a criação de um sindicato dos arquitectos?

R – A situação laboral de uma boa parte dos arquitectos, em particular no que respeita às gerações mais novas, é de facto muito penalizante e desregulada, exigindo uma intervenção que não cabe, no entanto, nas atribuições da OA, a não ser que estejam em causa questões do foro disciplinar. Pensamos pois que faz cada vez mais sentido a existência de um sindicato de arquitectos que ajude a resolver a conflitualidade daí decorrente, a cuja criação não queremos nem nos devemos opor, estando perfeitamente disponíveis para apoiar e acompanhar, desde que essa iniciativa surja.


4 – A encomenda pública em Portugal está subjugada a interesses particulares. O que é que a Ordem pode e deve fazer para promover a igualdade de oportunidades e a livre concorrência entre arquitectos? Como avalia o passado recente desse ponto de vista?

R – A OA tem que desenvolver uma acção sistemática junto da Administração Central, Regional e Local no sentido de exigir o respeito pelas normas em vigor em relação à encomenda pública, o que ainda não foi feito. Por outro lado é indispensável exigir em sede própria a revisão de algumas disposições previstas no Código da Contratação Pública (C.C.P.) extremamente gravosas para o exercício profissional específico do arquitecto.
Consideramos ainda que é necessário trabalhar em soluções de concurso que sejam menos penalizadoras para as equipas, mais inovadoras nos resultados e operacionais para as entidades encomendadoras, do que as que actualmente se praticam em Portugal; por vezes, em fase de concurso, quase se pedem projectos de execução completos, com consequências muito negativas, em termos de amadurecimento das soluções e da própria sobrevivência das empresas e ateliers. A prática de concursos de concepção em duas fases, já experimentada entre nós, como existe na Alemanha e em outros países, é um bom exemplo, sem esquecer que a intervenção da OA nos concursos, através dos seus delegados cuja função deve ser dignificada, se destina fundamentalmente a garantir a livre concorrência e a igualdade de oportunidades e não a influenciar o júri neste ou naquele sentido. Por último pensamos que é necessário que os mais novos tenham efectivas condições de acesso aos concursos.
Quanto ao passado, a recente polémica em torno da Parque Escolar e as posições dúbias da Direcção da Ordem na pessoa do seu actual Presidente são suficientemente eloquentes acerca de uma prática e de processos totalmente contrários às normas por que se deve pautar a OA nesta matéria.

5 – Quais serão os objectivos políticos da Ordem depois da revogação do Decreto 73/73 e da entrada em vigor da Lei 31/2009?

R – Tal como já referi, os objectivos da Ordem, que são profissionais, centram-se por agora, fase à terrível crise que atravessamos, na procura de soluções para a grave situação de sub-ocupação em que se encontra a profissão, com particular incidência nas recém-chegadas gerações de arquitectos, a par do combate à desregulação do mercado e do exercício da profissão na área de projecto. E também na abertura da profissão a outras formas de exercício que não o projecto; e isso passa também por debates conjuntos com as faculdades de arquitectura no sentido de promover a aproximação da formação académica às necessidades do país e da profissão.


6 – A admissão à Ordem será alterada, ou irá manter-se como está?

R – É nosso entender que o processo de admissão à OA, tal como hoje existe, é contraproducente e em grande parte responsável pelo afastamento das gerações mais novas em relação à organização profissional. Deverá ser repensada quanto a critérios, conteúdos e objectivos, à luz do que foi a experiência destes 9 anos de aplicação do Regulamento em vigor, no sentido de, como é dito no nosso programa, o estágio "se tornar numa experiência enriquecedora de inserção profissional no mercado de trabalho" e não numa forma cómoda de fornecer mão-de-obra barata. Defendemos além disso que o estágio deve ser remunerado e acompanhado pela Ordem, quer através de mecanismos de controlo, como o plano e relatório de estágio, com tarefas e procedimentos a desempenhar obrigatoriamente, quer mediante visitas da OA aos locais de estágio, sempre que se revelar necessário.


7 – A maioria dos arquitectos tem hoje menos de 40 anos e exerce actividade em condições de grande precariedade, quando não mesmo sem qualquer remuneração. O que fará para emprestar dignidade à profissão e terminar com a exploração dos estagiários e jovens arquitectos?

R – As medidas que acima propomos poderão em grande parte melhorar o ambiente que actualmente se vive na profissão. A situação que refere tem sido teimosa e interesseiramente ignorada pela actual Direcção da OA que se recandidata como Lista A. Queremos proporcionar soluções com a participação das partes envolvidas.


8 – A Ordem não tem protagonismo público. Não é um actor relevante na cena política. Acha que esse é o perfil correcto ou entende que a vocação da AO é ter uma participação no debate público análogo às ordens dos médicos, engenheiros ou advogados?

R – Tem de facto havido um grande, um enorme deficit de intervenção por parte da OA, em particular nos últimos três anos. Foi desprestigiante e penoso ver por exemplo a total ausência de protagonismo da OA nos grandes debates que tiveram lugar no país acerca da localização do novo Aeroporto de Lisboa, ou sobre o TGV e as grandes redes de transporte, protagonizados em pleno pela Ordem dos Engenheiros por falta de comparência da Direcção da OA. E também sobre as grandes opções políticas para o território e as Cidades, sobre o estado e recuperação do património construído, mesmo o mais recente, sobre o desmesurado parque habitacional, sem compradores nem utilizadores. Como se os arquitectos não tivessem também uma palavra importante a dizer sobre estes temas, como se o território e o seu ordenamento tivessem definitivamente deixado de fazer parte da nossa prática profissional, reduzida apenas ao "objecto arquitectónico" e à sua narcisística exibição em mostras.
É evidente que a nossa posição é radicalmente diferente. Tal como defendemos no nosso programa, pretendemos "afirmar a posição da Ordem na discussão política e institucional em todas as áreas temáticas que envolvam a qualidade do ambiente construído e a prática profissional dos Arquitectos, intervindo junto da opinião pública, de forma activa e informada, no debate das grandes questões nacionais do desenvolvimento estratégico do País e do seu território."


9 – Defende a existência de uma formação contínua, ao longo da carreira, obrigatória para todos os arquitectos?

R – A formação contínua é indispensável para garantir a actualização de conhecimentos por parte dos profissionais em exercício e, assim, manter a qualidade da sua intervenção. Ela já é obrigatória em alguns países da UE e é também nossa intenção promovê-la de forma sistemática e planificada em colaboração com as secções regionais, embora e para já de forma não obrigatória. Uma tal formação tem no entanto que se pautar por elevados padrões de qualidade e se a OA não tiver condições para a fornecer, então o melhor será recorrer a entidades externas através de protocolos de colaboração.


10 – Defende a admissão a um colégio de especialidade da OA como condição necessária para o exercício de um acto próprio de urbanismo ou de arquitectura?

R – De forma nenhuma como condição necessária. Somos totalmente contra essa visão dos colégios de especialidade, que é aliás contrária ao Estatuto da OA. Ao contrário do que acontece noutras profissões, como os Médicos ou Engenheiros, a formação dos arquitectos é generalista e todos os arquitectos podem por isso praticar todos os actos próprios da profissão sem qualquer restrição. Assim, os colégios de especialidade devem ser fóruns, locais de debate em áreas específicas da profissão, ao mesmo tempo que podem ter importante função de aconselhamento da Direcção nessas áreas.

11-11-2010
José Charters Monteiro